Play Monday - Quinto!
A segunda-feira do mês mais desejada!
Hoje o nosso Brincar consistiu em manipular marionetas de
sombras e criar uma história “à la minute”!
Começámos por apresentar aos utentes as nossa marionetas de
sombra para que os nomes fossem escolhidos e posteriormente decidido que papel
teriam na história.
Assim sendo as nossas primeiras quatro personagens:
Manuel Pastor
Mimi (das meias altas)
Joana
João
Depois de os nomes estarem escolhidos fomos brincar!
Nesta primeira parte, era eu e a Raquel que manipulávamos as
marionetas de acordo com a história contada pelos nossos utentes, de forma a
facilitar o início do nosso Brincar.
A Srª C. começou: “Era uma vez, uma menina chamada Mimi que ia para a escola pela estrada fora. Quando olhou para o lado viu um senhor que tinha um rebanho de ovelhas e que gostava muito de cantar.”
A Srª C.B. acrescentou: “A menina perguntou ao senhor se ele
podia cantar para ela e ensinar-lhe aquela música. E o senhor ensinou, pelo que
começou a cantar:
Toda a vida fui Pastor
Toda a vida guardei gado
Tenho uma cova no peito
De me encostar ao cajado.”
(Riso geral!)
A Srª M continuou: “A menina agradeceu ao Manuel Pastor e
continuou caminho para a escola. Foi a correr porque já estava atrasada. Assim
que chegou a escola pediu desculpa à professora pelo atraso e esta exigiu que
não se voltasse a repetir, mas que mesmo assim estava desculpada.”
O Srº A disse: “E na escola a menina brincou muito.”
A Ângela perguntou: “E terão brincado a quê?”
E a Sr. C. acrescentou: “Depois de brincar foi apanhar
flores. Mas apareceu um senhor que se zangou com a menina por ela estar a
apanhar flores, mas a menina respondeu que as flores eram para a sua mãe porque
ela fazia anos hoje. A Mimi voltou para casa, ofereceu as flores à mãe que
ficou muito contente. Depois foram almoçar e a menina mais tarde fez os
trabalhos da escola com a ajuda da mãe.
À noitinha, o Manuel Pastor voltou para
casa e jantou com toda a sua família.”
Eis que a Srª C.B. sugere: “E se todos afinal fossem da
mesma família?”
Assim sendo reformulámos a relação entre todas as
personagens! O Manuel Pastor passou a ser pai do João. O João passou a ser
marido de Joana e a Mimi filha de João e Joana e neta de Manuel Pastor. Depois
de tudo no seu devido sítio:
A Srª M continua: “Como a Mimi não queria dormir, o avó
contou-lhe uma história.”
“E que história seria essa?” perguntou a Ângela.
O Srº J. tentou começar, mas depois disse que era melhor ser
outra pessoa a contar porque agora que pensava no assunto, não achava que fosse
bom contador de histórias…
A Srª C. disse que o ajudava e começou a contar a história do “Capuchinho
Vermelho”.
E assim foi, até a menina Mimi adormecer.
Entretanto chegou o marido da Srª C.B. que vinha fazer-lhe
uma visitar e acabou por se sentar e assistir ao nosso teatro brincante.
"INTERVALO"
Srª C.B.: “O Manuel Pastor, depois de contar a história à
neta, foi à procura da sua esposa mas não a conseguia encontrar. Procurou e
procurou e nada. Até que o seu filho João apareceu e perguntou de quem estava
ele à procura. O Manuel Pastor respondeu que era da sua esposa. Mas a sua
esposa já tinha falecido. E ele não se lembrava disso.”
Então a Raquel perguntou: “E porque não se lembrava ele que
a sua esposa já tinha falecido?”
A Srª M respondeu: “Porque tinha Alzheimer.”
A Srª C.B. continua: “Então, a Joana, nora do Manuel Pastor,
que gostava muito dele, ajudou-o a ir deitar-se, porque já era muito tarde.
Foram então todos dormir e sonharam muito.”
Eu perguntei: O que terão sonhado as nossas personagens
durante a noite?
A Srª C. respondeu: “A menina sonhou com brinquedos, com a
escola e com uma bicicleta, porque ela queria muito ter uma bicicleta. Todas as
meninas na escola tinham uma e ela não.”
E foi aqui que a Srª C.B. e a Srª C. ganharam coragem e
começaram a manipular as nossas marionetas de sombra. Aqui o Brincar ficou
muito mais especial!
Contaram então a história entre o avó Manuel Pastor e a sua
neta Mimi que queria uma bicicleta.
Srª C.: “Olá avozinho! Como estás? Queria tanto uma
bicicleta! Podias oferecer-me?”
Srª C.B.: “Minha netinha, não tenho muito dinheiro, mas vou
tentar oferecer-te a bicicleta. Vou vender duas ovelhas para comprar a
bicicleta!”
Srª M.: “Entretanto entra o pai da Mimi e zanga-se com o
Manuel Pastor, porque ele não devia oferecer a bicicleta, porque já não tem
idade de comprar essas coisas, porque já está muito esquecido.”
Aqui a Ângela perguntou ao Srº A., o que poderia dizer mais
o filho ao pai: "Invente o que quiser Srº A.! Solte a imaginação!” O Srº A. aqui
ficou um bocadinho nostálgico, porque se lembrou do seu pai: “não diria nada
porque o meu pai já morreu há muitos anos, arranjem outra brincadeira para mim.
Desculpem, mas não consigo.”
E todos respeitamos este momento do Srº A., que ficou a
assistir ao resto do nosso teatro, mas sempre muito pensativo.
Então a Srª C. diz que “João e a Joana, conversam sobre esta
situação, sobre qual será a melhor maneira de cuidar do pai Manuel Pastor, se
teria de ser internado, se iria para um Lar… e resolvem que o melhor será ele
ficar em casa, com a ajuda de João e Joana, porque ele, apesar da sua doença,
ainda cuida das ovelhas sozinho.”
A Srª C.B. acrescentou: “Então a Mimi pergunta ao pai e à
mãe porque o avô se esquece de algumas coisas. Será porque ele tem quase 100
anos? O pai responde que o avô está doente e é por isso que se esquece.”
Raquel: “O meu avô pode esquecer-se de muitas coisas mas eu
continuo a gostar muito dele! Eu adoro o meu avô! Vamos avô, vamos ver as tuas
ovelhas, porque está um dia muito bonito.”
Srª C.: “Olha que boa ideia, vamos minha neta! Vamos!”
E assim terminou a nossa grande história improvisada com os
nossos utentes satisfeitos com todo o enlace e final (mesmo o Srº A. que no fim
já estava mais animado).
No início, quando entrámos na sala com as marionetas, os
nossos utentes estavam um pouco mais tímidos, mas depois, foi-se tornando tudo mais
fácil e divertido.
Chegámos à conclusão que queríamos fazer mais teatro de
sombras, com mais personagens e objectos!
Foi muito interessante ver, ao longo deste teatro de sombras, a
descrição do dia-a-dia dos nossos utentes, de há muitos anos atrás e a relação com
a sua família, bem como os seus receios depois de começarem a depender da
ajuda de terceiros para as suas actividades de vida diárias. Tudo isso acabou por estar presente nesta história.
Agradecimento, como sempre, às minhas colegas!
(Agradecimento extra à Raquel que nos emprestou o seu projector, e à Joana, que filmou e fotografou!)
[ENGLISH]






























O nosso primeiro “brincar” foi o jogo do “olhar fixo”. Eu
com um dos narizes, o utente com o outro e agora ambos frente a frente, de
olhos nos olhos, sem poder rir. A primeira a jogar comigo foi a Sra I. Assim
que coloquei o meu nariz, ela já não parava de rir, tal como a Sra. C,
mas assim que começou o jogo escolheu a sua cara mais séria e conseguiu
mantê-la muitos segundos. Já eu, estava com alguma dificuldade, mas aguentei…
pouco tempo sem me rir. Ah! Um ponto para a Sra. I! A seguir foi a Sra. C. que colocou o seu nariz de palhaço. À minha frente, muito séria…
Confesso que aqui fiz batota e comecei a fazer algumas caretas para a Sra. C rir, mas ela resistiu. Eu não, outra vez. Enquanto isso, a Sra. M. dizia que só de ver já tinha vontade de se rir e nem estava a jogar. O Sr. J. e a Sra. C.B. também conseguiram ganhar o jogo e com a Sra. C.V. consegui um
empate. Tinha bons jogadores! Quando joguei com a Sra. M, foi um rir pegado,
nenhuma das duas estava mais de dois segundos sem rir, com ou sem nariz. Mas ao
jogar com o Srº J.C., e coloquei o nariz em mim e nele, o utente olhou para
mim e começou a chorar. Tirei os narizes porque pensei que o Sr. J.C. podia
não gostar ou ter medo. Perguntei-lhe se tinha sido muito invasiva, se o tinha
aborrecido com a brincadeira, e ele respondeu que não. Simplesmente tinha-se
emocionado por ter jogado com ele também. Às vezes, as doenças que nos
incapacitam de fazer uma vida normal fazem-nos pensar em tudo o que não dávamos
valor antes. Antes era tão fácil para o nosso corpo brincar, mas nunca tínhamos
tempo. O Sr. J.C. um dia disse-me “o tempo antes não chegava para nada,
nunca tinha tempo para fazer coisas que me faziam feliz. Agora já tenho tempo
para estar numa cama, sempre doente, a olhar para o nada”. Uma frase que faz pensar…
Começou a Sra. I. que referiu que não tinha muita pontaria.
Mas o brincar não precisa de pontaria, só de boa disposição. A seguir a Sra. C.B., a Sra. M., a Sra. C e voltámos ao início. Entre muito
entusiasmo e dedicação, pinos derrubados ou bolas que contornavam os pinos sem
os derrubar (é preciso também muito jeito para fazer isto) torna-se importante
destacar que quando estamos distraídos com brincadeiras, as dores passam um
bocadinho, e todos sabemos como as dores são chatas… por isso nem só de medicação
se faz a analgesia e isto não é novidade nenhuma, mas nunca é demais repetir e
reforçar. Vamos usar e abusar do Play Monday!
Objectivo 2ª versão: com pinos de dois tamanhos diferentes,
um maior ao meio e os mais pequenos à volta. Temos que derrubar o pino grande
sem tocar nos mais pequenos (hum… complicado?)
E voltámos as rondas, as bolas passavam de mão em mão e cada
uma dava o seu melhor. Eu e as minhas colegas eramos as “apanha bolas” e
garantíamos que o jogo não perdia o ritmo, ao mesmo tempo tentávamos a melhor
fotografia para registar o nosso momento.
A Sra. M. tinha realmente muito jeito para este jogo e
ficou toda orgulhosa por isso. As outras utentes quiseram saber qual o
“truque”, que segundo a Sra. M. nem ela própria sabia, mas referiu que era um
jogo que gostava muito. Em conclusão, uma bola “mágica” pode derrubar tristezas
e trazer sorrisos. 


